O Jornal Tocha da Verdade é uma publicação independente que tem como objetivo resgatar os princípios cristãos em toda sua plenitude. Com artigos escritos por pastores, professores de algumas áreas do saber e por estudiosos da teologia buscamos despertar a comunidade cristã-evangélica para a pureza das Escrituras. Incentivamos a prática e a ética cristã em vistas do aperfeiçoamento da Igreja de Cristo como noiva imaculada. Prezamos pela simplicidade do Evangelho e pelo não conformismo com a mundanização e a secularização do Cristianismo pós-moderno em fase de decadência espiritual.

domingo, 10 de abril de 2011

CONSELHOS DE UM PASTOR PARA A BOA CONVIVÊNCIA ENTRE OS IRMÃOS

Dedicado ao Rev. Heládio Santos, exemplo de espiritualidade e sabedoria.

INTRODUÇÃO

A igreja de Jesus deve ser, para os que dela fazem parte, uma comunidade terapêutica, a estalagem para onde foi levado o homem ajudado pelo bom samaritano (Lucas 10 : 34). Muitas são as organizações e comunidades que se apresentam para dar às pessoas reconhecimento e socorro, quando a igreja de Jesus é que deveria estar chegando a esse objetivo. Até mesmo no meio evangélico as organizações para-eclesiásticas (Desafio Jovem, G12, etc), algumas das quais não são doutrinariamente ortodoxas, estão propondo-se a atingir o alvo que a igreja deveria alcançar.

Infelizmente, as comunidades que se professam cristãs, em sua grande maioria, estão tendo uma organização de empresa, com vários departamentos, onde a pessoa é considerada na categoria a que pertence, como se não tivesse que ser considerada em sua individualidade. A Bíblia protesta contra essa organização impessoal da estrutura da igreja, ensinando-nos a ser a família de Deus (Efésios 3: 14 e 15). Para este fim, a Escritura propõe a reunião em casas e a ceia do Senhor praticada em reuniões fraternais (Atos 2:46: Atos 5:42). No entanto, de nada adianta termos uma estrutura de organização favorável à comunhão, se não tivermos a sabedoria para conviver. A Bíblia diz: “Quem dentre vós é sábio e inteligente? Mostre, pelo seu bom trato, as suas obras em mansidão de sabedoria. Mas, se tendes amarga inveja e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica. Porque, onde há inveja e espírito faccioso, aí há perturbação e toda obra perversa. Mas a sabedoria que vem do alto é, primeiramente, pura, depois, pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia. Ora, o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz.”(Tiago 3:13-18).

Nos nossos dias temos visto intrigas, incompreensões, traumas e doenças nervosas surgindo no seio da igreja. O objetivo do presente artigo é dar alguns conselhos para a boa convivência entre os cristãos, a fim de que a igreja possa cumprir a sua missão de ser uma comunidade terapêutica.

PRIMEIRO CONSELHO : Aprenda a ver o outro como outro

Quando o apóstolo Paulo disse, em certa ocasião, que se havia feito de judeu para ganhar os judeus e de gentio para ganhar os gentios, ele estava falando de renúncias de sua parte. No contexto de sua digressão, ele já tinha dito, inclusive, que optara pelo celibato e por não ser remunerado pela Igreja, a fim de que pudesse pregar com maior liberdade e sem qualquer obstáculo perante os homens. Agora, ele estava dizendo que, muito embora não estivesse sob as regras judaicas que limitavam o comportamento humano, ele quis adotar, entre os judeus, o mesmo estilo restrito de vida que o deles, a fim de ganhá-los para Cristo, não ferindo-lhes a sensibilidade cheia de escrúpulos. Perante os gentios, Paulo fez-se como os gentios, não praticando seus costumes pecaminosos como alguns poderiam pensar, mas convivendo com eles e participando com eles da mesa. Como Jesus, Paulo comeu com os pecadores. Para o pregador dos gentios, isso era um sacrifício, pois os pagãos, em seus modos, feriam a sensibilidade dos judeus, não seguindo as normas hebraicas de higiene e comendo animais considerados impuros, conforme se conclui da leitura de Atos 10:10-16. O apóstolo Paulo também disse que se fez como os fracos, não como os moralmente fracos, mas como os fracos de consciência, os quais mostram-se com a consciência cheia de escrúpulos, sendo demasiadamente radicais (Rom. 14 : 2).

Em uma carta escrita a Miss March, John Wesley disse:“Não limite sua conversa a pessoas gentis e elegantes. Eu gostaria disso tanto quanto você, mas eu não posso descobrir um precedente para essa atitude quer na vida de nosso Senhor ou de qualquer dos apóstolos”(JWL 6:207). Em uma carta complementar, Wesley explicou a Sra. March que ele não estava pedindo que ela buscasse seus amigos e companheiros“entre os pobres, deselegantes e iletrados”, e sim que “visitasse os pobres, as viúvas, os doentes, os orfãos em sua aflição; sim, embora eles não tenham nada que os recomende a não ser que foram comprados com o sangue de Cristo. É verdade que não é agradável à carne e ao sangue. Há milhares de circunstâncias geralmente ligadas a isso que chocam a delicadeza de nossa natureza, ou antes, de nossa educação. Mas as bençãos que se seguem a esse trabalho de amor irão mais do que equilibrar a cruz”(JWL, 6: 208 - 9).

Para dar um exemplo de como os pequenos podem influenciar positivamente os grandes, citemos um episódio da vida do grande pregador D. L. Moody. Em 1868, Moody teve uma experiência que iria transformar o seu ministério. Isso aconteceu quando ele ouviu Henry Moothouse, um ex-batedor de carteira convertido, pregar sobre o amor de Deus usando o texto de João 3:16. Referindo-se a isso, Moody disse: “Antes, eu costumava pregar que Deus estava atrás do pecador com uma espada de dois gumes, pronto para abatê-lo. Agora, eu prego que Deus vai atrás do pecador com amor e que o homem é que está a correr do amor de Deus.”

É preciso lembrar ainda que, na Igreja, temos pessoas que foram educadas de modo diferente e em ambientes diferentes, e, apesar da natureza pecaminosa ser uma só, o ambiente em que a pessoa nasceu e a educação que ela recebeu, bem como as experiências pelas quais passou, favorecerão a que ela se sinta mais tentada por uns pecados do que por outros. Assim, por exemplo, uma criança com aspecto gentil que todos dizem que é homossexual será fortemente tentada a sê-lo, pois a sociedade preconceituosa dirá que ela é do sexo diferente do biológico, mesmo que ela não seja. Se essa pessoa não estiver diante de Deus por meio de Cristo, e não levar em conta só o que Deus acha dela, por certo só terá a sociedade diante de si. Assim, ela prefere ser o que a sociedade vê nela do que não ser ninguém, caindo no pecado do homossexualismo. Cabe à Igreja ser uma comunidade diferente do mundo, onde as pessoas são reconhecidas em sua sexualidade natural. Não somos nós quem oprimimos os homossexuais, mas sim o mundo. Nós queremos que eles se aceitem do modo como são biologicamente, mas a sociedade quer “recriá-los” a partir de critérios seus.

De modo semelhante, poderíamos dizer que aqueles que receberam uma educação para serem intelectuais, lendo constantemente e tendo hábitos metódicos, serão mais tentados ao orgulho, ao egoísmo e, em decorrência dos hábitos que não devem ser quebrados, à impaciência. Aqueles que não foram educados para o aperfeiçoamento intelectual e para a disciplina serão tentados à prática da fofoca, do mexerico e de atos mesquinhos.

Muitos descrentes criticam certos cristãos por, aparentemente, serem mais fracos para certos erros que eles. Essas pessoas não deveriam comparar os crentes consigo, mas sim, os crentes com o que eles foram antes da conversão, e, por sua vez, deveriam descobrir seus próprios erros para, então, examinarem se, no decorrer do tempo, melhoraram alguma coisa.

Vejamos como C. S. Lewis se expressou sobre esse assunto no seu livro Cristianismo Autêntico:“O estado psicologicamente mau não é um pecado, mas uma doença. Não é preciso dele se arrepender, e sim ser curado. E, diga-se de passagem, isso é muito importante. Os homens julgam-se uns aos outros por suas ações exteriores. Deus os julga por suas escolhas morais. Um neurótico, que possui um horror patológico por gatos, tendo forçado a si mesmo a pegar um gato no colo, por alguma razão, é bem possível aos olhos de Deus que ele tenha demonstrado mais coragem do que um homem sadio que tenha feito jus a ganhar a Condecoração da Cruz de Malta. Alguém que tenha sido pervertido desde jovem, tendo aprendido que a crueldade é uma coisa certa, ao praticar um pequeno ato de bondade, ou se abster de algum ato cruel, correndo o risco de ser desprezado pelos seus companheiros, talvez aos olhos de Deus tenha feito mais do que nós faríamos se déssemos a vida por um amigo.

“(...) Eis as razões por que se diz aos cristãos que não devem julgar. Só vemos os resultados das escolhas feitas com a matéria-prima de cada um. Mas Deus não julga ninguém com base nessa matéria-prima, mas sim segundo o uso que faz dela. A maior parte da configuração psicológica do homem é provavelmente devida a seu corpo; quando este morrer tudo desaparecerá com ele, e a parte central real do homem, aquilo que escolhia e que fazia o melhor ou pior uso do seu material, aparecerá em sua nudez. As belas coisas que supúnhamos serem nossas, mas que eram na verdade devidas a uma boa digestão, cairão de alguns de nós; as coisas torpes que eram devidas a complexos ou à má saúde, cairão de outros. Pela primeira vez, então, veremos cada um como realmente é. Haverá surpresas.”

Dignas de serem lidas também são as conclusivas palavras do professor de Oxford: “Mas se você é uma pobre criatura, envenenada por uma má educação num lar cheio de ciúmes vulgares e de brigas absurdas, alguém que tenha sido vítima de uma detestável perversão sexual, independente de sua vontade, uma pessoa importunada por um complexo de inferioridade que a faz gritar com os seus melhores amigos, não desespere. Cristo sabe de tudo. Você é um dos pobres a quem Ele abençoou. Cristo conhece a máquina ruim que você tenta dirigir. Prossiga. Faça o que puder. Um dia (talvez no outro mundo, ou quem sabe muito antes do que você pensa), Ele jogará essa máquina no ferro velho e lhe dará uma outra. E então você vai surpreender a todos, inclusive a você mesmo, porque aprendeu a dirigir numa escola muito difícil.(Alguns dos últimos serão os primeiros, e alguns dos primeiros serão os últimos).”

A tendência carnal para a autojustificação engana as pessoas de modo que elas consideram suas imperfeições menos graves do que a das outras. A familiaridade com determinados erros poderá nos endurecer ou insensibilizar, a ponto de não os vermos como pecados, enquanto, muitas vezes, o pecado do outro, por estar distante de nós,é entendido como merecedor de grande castigo. A curiosidade, por exemplo, é um grande pecado. Santo Agostinho reconheceu-se pecador pelo fato de, antes da conversão, tê-la na sua vida. Muitos hoje, todavia, caem nessa transgressão sem vê-la como uma iniquidade. O sábio da Bíblia nos ensinou que “todos os caminhos do homem são limpos aos seus olhos, mas o Senhor pesa os espíritos”( Prov. 16 : 2). Se compreendêssemos isso corrigiríamos o nosso irmão com misericórdia.

“Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com espírito de mansidão, olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado...Porque se alguém cuida ser alguma coisa, não sendo nada, engana-se a si mesmo. Mas prove cada um a sua própria obra e terá glória só em si mesmo e não noutro” (Gálatas 6: 1, 3 e 4).

Os homens deste mundo procuram o conhecimento na Ciência. As ciências naturais objetivam o conhecimento da natureza para subjugá-la, fazendo-a atender a fins humanos. As ciências chamadas humanas tem por objetivo o domínio dos homens sobre os outros (ciência política) ou o domínio das relações de convivência (Direito e Sociologia). A Ciência é o conhecimento que domina o seu objeto.

Existem crentes que querem conhecer os outros para dominá-los, fazendo de seu próprio irmão o objeto de sua ciência. Procuram estar atentos aos erros do outro para dominá-lo, tendo sempre argumentos contra ele. Assim, o cientista religioso se imuniza de ataques de terceiros, pois ele tem sempre o que dizer do outro, bastando apenas consultar os arquivos de sua memória. Um se promove como “santo” às custas dos pecados do outro que por ele são julgados e, publicamente, condenados.

No seu inspirativo livro intitulado O caminho do Coração, Ricardo Barbosa de Souza diz que “os moralistas mais intolerantes e implacáveis no seu julgamento e condenação para com o próximo geralmente carregam alguma tara ou desvio moral inconfessado. Mas, como não gostamos de nos confrontar com nosso próprio pecado, fazemo-lo com o dos outros. Nossas igrejas estão repletas de ‘experts’ da vida alheia, porém são poucos os que sabem sobre sua própria vida. É muito comum encontrarmos ‘profecias’ sobre a vida dos outros, mas são poucos os profetas que olham e conhecem o seu próprio coração”.

O amor, ao contrário da ciência, é o conhecimento pela entrega. Aqui não conhecemos o outro como objeto a ser dominado, mas como pessoa a qual devemos nos entregar, por isso o conhecimento amoroso confia e acredita nas pessoas, esperando delas sempre o melhor. Jesus não nos conheceu pela ciência, pois por este caminho nunca teria vindo morrer por nós, já que não merecíamos tal sacrifício. Jesus, todavia, conheceu-nos pelo amor e, por este motivo, entregou-se por nós. Ele não deu-se por nós porque éramos justos, mas porque, em amor, nos viu justos por meio da expiação que cumpriria por nós.

“...A ciência incha, mas o amor edifica. E, se alguém cuida saber alguma coisa, ainda não sabe como convém saber.”(I Cor. 8 : 1 e 2).

“O amor é sofredor....não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (I Cor. 13 : 4 - 7).

SEGUNDO CONSELHO : Não espiritualize suas preferências pessoais

“Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em seu próprio ânimo. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz. O que come para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e o que não come para o Senhor não come e dá graças a Deus”(Rom. 14 : 5 e 6).

Uma outra grande causa de contendas entre os irmãos é a falta de compreensão da diferença entre opinião e doutrina. Em questões de doutrina devemos ser irredutíveis (Rom. 16:17). Em questões de opinião devemos ser tolerantes (Rom. 14:1). A doutrina é o que está prescrito na Bíblia, enquanto a opinião diz respeito às nossas preferências. Se as nossas preferências, muito embora não estejam na Bíblia, baseiam-se no bom senso, devemos expô-las ao nosso irmão, mas não podemos rejeitá-lo se não seguí-las.

Muitas pessoas espiritualizam as suas opiniões, tradições e situações, de modo a terem por pecadores todos os que não se conformam a elas. Assim, alguns menonitas que, tendo se distanciado da sociedade, mantém costumes medievais, julgam ser pecado a remoção da barba pelo homem. Outros dizem que usar bigode é que é pecado. O ignorante julga o pregador estudioso como alguém sem unção do Espírito, dizendo que ele só tem letra. O erudito julga o que não possui os seus conhecimentos extrabíblicos como incapaz de ler as Escrituras e compreendê-las. A irmã de menor poder aquisitivo julga a que, tendo condições financeiras, comprou uma roupa nova como vaidosa, enquanto a pessoa próspera julga o necessitado como alguém sem fé no poder supridor de Deus.

Segundo John Stott, em seu livro Cristianismo Equilibrado, “questões como estas surgem de diferenças temperamentais básicas. Porém, não devemos permitir que o nosso temperamento nos controle. Pelo contrário, devemos deixar que as Escrituras julguem nossas inclinações naturais de temperamento. Caso contrário, acabaremos por perder o nosso equilíbrio cristão”.

TERCEIRO CONSELHO : Aprenda a estar só - Muller

“Porque, sendo livre para com todos, fiz-me servo de todos...”(I Cor. 9 : 19).

O conceito de pessoa envolve o conceito de relacionamento. Nós somos pessoas perante alguém. Por esta razão, Martin Buber diz que as coisas devem ser usadas, mas as pessoas devem ser amadas. Deus é pessoal, porque Ele é amor, nele há amante e amado, Pai, Filho e Espírito Santo, sendo um pessoa diante do outro.

Quando não éramos crentes, procurávamos o reconhecimento dos outros homens para nos sentirmos pessoas. No entanto, após a conversão, nós fomos justificados perante Deus mediante Jesus Cristo (Rom 5:1). Agora, na medida em que nos relacionamos com Deus, somos maximamente pessoas, pois somos pessoas frente ao Ser absoluto. Quando maior for a nossa comunhão com Deus, mais estaremos libertos dos outros homens, não necessitando do reconhecimento que eles nos possam dar, nem se abalando com as suas críticas, muito embora fiquemos entristecidos pelo estado de decadência espiritual daqueles que nos criticam injustamente.

Quando o crente anda em comunhão profunda com o Senhor, ele está livre de todos, pois é pleno no Senhor (I Cor. 3: 21). No entanto, ele vai em direção ao outro para amá-lo, não por necessidade, mas pela livre escolha de amar assim como Deus o amou (I Cor. 13:5; Rom. 13:8). A verdadeira comunhão é aquela na qual cada um tem...(I Cor. 14 : 26). Assim, se cumpre o dito de Lutero:

“Um cristão é um senhor livre sobre todas as coisas e não submisso a ninguém.

Um cristão é um ser obsequioso de todas as coisas e submisso a todos.”

Somente quando o crente aprende a estar só com Deus e nEle se realizar é que ele poderá amar e se relacionar bem com os outros. Bonhoeffer diz que muitos convivem problematicamente com os irmãos, porque estão procurando a comunidade para que possam fugir de si mesmos, pois não comungando com Deus, não suportam a si próprios. E eles lançam sobre a comunidade o que nem eles mesmos podem suportar.

Devemos nos construir em Deus na solitude para que, em seguida, possamos levar o melhor de Deus ao nosso irmão. Não confundamos, todavia, a solidão melancólica e a introspecção que nos leva a procurar a nós mesmos, e não a Deus, com o andar só com o Senhor.

O Dr. Lloyd-Jones observa o seguinte:

“Vejo cada vez mais que a maioria das dificuldades da vida cristã deve-se ao fato de que somos demasiado subjetivos e passamos muito tempo examinando-nos a nós mesmos e tomando o nosso pulso espiritual, por assim dizer. A cura para muitas doenças e enfermidades da alma está em dar atenção à grande verdade objetiva, a glória da nossa redenção e salvação” (A UNIDADE DA IGREJA).

“Auto-avaliação é coisa boa, mas introspecção é ruim. Vamos mostrar a diferença entre essas duas coisas. Podemos examinar a nós mesmos à luz das Escrituras, e se fizermos isso, estaremos sendo conduzidos a Cristo. Mas com a instrospecção, um homem olha para si mesmo e continua fazendo assim, e se recusa a ser feliz até que possa se livrar das imperfeições que ainda estão ali. Oh, como é trágico o fato de ficarmos gastando nossas vidas olhando para nós mesmos em vez de olharmos para Aquele que pode nos fazer livres”(O CLAMOR DE UM DESVIADO).

É também importante que encontremos nossa plenitude em Deus, a fim de que, por fraqueza ou necessidade de auto-afirmação, não tentemos impressionar os outros como os fariseus (Mateus 6:1-6) ou mesmo, tentemos viver em função de agradá-los, pois homens como Paulo não se inibiam com as calúnias (II Cor. 6: 8 - 10). Há crentes que vivem dando satisfações e explicações para tudo que fazem.

Jorge Muller disse:

“Veio um dia em que eu morri, morri completamente, morri para Jorge Muller, suas opiniões, preferêncas, gostos e vontade, morri para o mundo - sua aprovação ou censura; morri para a aprovação ou censura até dos meus irmãos e amigos e, desde aquele dia, tenho-me esforçado somente por apresentar-me diante de Deus aprovado”.

REV. Glauco Barreira Magalhães Filho
Membro do Presbitério Anabatista da Igreja em Fortaleza

Um comentário:

  1. Excelente texto. Temos que viver verdadeiramente o que a Palavra nos diz, e não como nossa própria convicção. Que a Palavra faça morada em nosso coração e que modifique tudo que deve ser modificado para que nós apresentarmos aprovados diante de Deus.

    ResponderExcluir